A semana que passou, precisamente na segunda-feira dia 24 de março, foi o Dia Mundial da Tuberculose ou Dia Mundial de Combate à Tuberculose. Para nós que fazemos o SUS e o Controle Social no SUS, sempre lembramos essa data para conscientizar a sociedade sobre a epidemia global de tuberculose e os esforços para eliminar a doença. Em 2023, 10,8 milhões de pessoas foram contaminadas com tuberculose e 1,25 milhões morreram da doença no mundo, de acordo com a OMS, principalmente em países de baixa e média renda. O número de casos de tuberculose vem aumentando desde 2021, também no Brasil. Em 2024, a tuberculose voltou a ser a principal causa de mortes devido a um único agente infeccioso no mundo, após três anos em que foi substituída pela doença do coronavírus.
O Dia Mundial da Tuberculose é uma das onze campanhas globais oficiais de saúde pública feitas pela OMS, juntamente com o Dia Mundial da Saúde, Dia Mundial da Doença de Chagas, Dia Mundial do Doador de Sangue, Semana Mundial de Conscientização Antimicrobiana, Semana Mundial de Imunização, Dia Mundial da Malária, Dia Mundial sem Tabaco, Dia Mundial da Hepatite, Dia Mundial da Segurança do Paciente e Dia Mundial da AIDS.
O médico Robert Koch (1843/1910), descobriu o bacilo da tuberculose em 1882, e em 1890 apresentou um extrato que poderia ser um remédio para a doença. Koch ganhou o prêmio Nobel de Medicina em 1905. A tuberculose ainda é um desafio para a saúde pública no Brasil e no Mundo. Existem evidências de que a tuberculose existe desde os tempos pré-históricos. A doença já foi encontrada em esqueletos de múmias do antigo Egito (3000 A.C) e, mais recentemente, numa múmia pré-colombiano no Peru (há controvérsias sobre essas datas). A doença disseminou-se na Europa, com a urbanização crescente e no século XVIII tornou-se conhecida como a peste branca. Durante a revolução industrial, a mortalidade era muito alta. Em fins do século XIX, a doença passou a ser qualificada como um “mal social” e passou a ser relacionada às condições precárias de vida, em que estão presentes inúmeros fatores, entre eles as moradias pouco ventiladas e pequenas para o número de moradores, a má qualidade de alimentação e a falta de higiene.
Tratamento da Tuberculose e Cura. Atualmente a tuberculose tem cura, mas antes de ser descoberta a cura: a tuberculose era tratada com repouso, boa alimentação e isolamento em sanatórios e preventórios (instalações estatais). Também eram utilizados tratamentos bizarros, como terapia com luz do sol, choque elétrico e montar a cavalo. Já no século XIX, a tuberculose era tratada com método higieno-dietético, que consistia em repouso, boa alimentação e clima de montanha. A cura da tuberculose foi alcançada a partir da descoberta de medicamentos específicos na década de 1940. Em 1944, Selman Waksman (1888/1973) bioquímico ucraniano, naturalizado estadunidense, descobriu a estreptomicina, o primeiro antibiótico eficaz contra a tuberculose, Em 1949, foi descoberto o ácido paraminossalicílico, que impedia o surgimento de estirpe resistentes à estreptomicina e, por aí vai.
Tuberculose no Brasil. A tuberculose chegou ao Brasil durante a colonização, disseminando -se entre as classes menos favorecidas. No século XVIII, a tuberculose já era um dos piores flagelos da cidade do Rio de Janeiro. Entre 2010 e 2020 foram registrados no país em média 4,8 mil óbitos ao ano no Brasil. Em 2023, o Brasil registrou um número recorde de casos e mortes por tuberculose (84 ml casos), foi a mais elevada desde 2002; a maioria dos pacientes com tuberculose no Brasil é do sexo masculino (69%); 60,1% das pessoas com tuberculose no Brasil são pretas e pardas; a tuberculose é uma doença que evolui de forma mais grave em pessoas que vivem com HIV. Atualmente o Ministério da Saúde por intermédio do SUS, garante o tratamento da tuberculose 100% pelo SUS. O maior gargalo para eliminação da tuberculose no Brasil, ainda é a falta de compreensão das pessoas. Para você ter uma ideia. A OMS considera como tolerante a taxa de 5% de pessoas que abandonam o tratamento de tuberculose, no Brasil essa taxa chega a 10%. Em todas unidades de saúde do Brasil, nas três esferas de governo, as pessoas encontram tratamento e nas farmácias o remédio para a tuberculose e outras doenças.
No Estado do Piauí, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, no ano de 2023 foram contabilizados 916 novos casos de tuberculose, em 2022 806 casos. Como no Brasil esta realidade é relacionada ao abandono de tratamento e a falta de informações sobre a doença, embora o Ministério da Saúde e a SESAPI, venham fazendo o dever de casa.
Testemunho Ocular. Eu, Teófilo que me considero um dos que ajudaram a construir o SUS, sou testemunha ocular de como as pessoas não terminam o tratamento da (tuberculose e hanseníase). Há algum tempo fui diagnosticado com tuberculose (a única justificativa que me deram foi que trabalhava na linha de frente do INSS sem máscara, povo povo brasileiro veio usar a máscara com a Covid-19). Depois do diagnóstico, passei a tomar o remédio adquirido nas farmácias do SUS, que nunca faltou, 6 meses após o início do tratamento, estava 100% curado e, constatei que muitas pessoas não terminam o tratamento. Não pode deixar de tomar o remédio um único dia, sob pena de começar tudo de novo.
Termino esse domingo 30 de março de 2025, reafirmando que: a erradicação, (eliminação) da Tuberculose no Brasil é da nossa conta (gestores do SUS, Controle Social e Sociedade). PENSE NISSO.
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José Teófilo Cavalcante é Conselheiro Estadual de Saúde, Diretor do SINTSPREVS/PI e Estudioso do SUS.
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